O caminhante de rua

Ontem o encontrei novamente, quando praticava minha caminhada matinal. “ O Caminhante de Rua”,prefiro chamá-lo assim, pois  nunca o vi fazendo parte de algum grupo de viciados, em álcool ou droga, nem é fumante, tampouco  soube que é pedinte. Porte alto, moreno, sempre com o olhar perdido, cabelos grisalhos, hoje algo brilhantes, não sei se por tê-los molhado ao lavar-se ou o orvalho da noite tenha contribuído para que ficassem assim, cobertor sobre os ombros, suas roupas como sempre, dignas, não sendo sobmedida, também não são rotas nem maltrapilhas. Junto a sua perna esquerda, o cão, preto com uma mancha branca na pata traseira esquerda, atento, educado, pois não late ou corre fazendo alarde com as matilhas que perambulam próximo a elevada do trem metropolitano que corta nossa cidade.
Dizem tratar-se de um militar, que por fatalidade deixou uma granada em lugar indevido, causando um acidente que mutilou para sempre um jvem soldado sob seu comando, condenado em inquérito militar passou a viver, como seu olhar perdido, em um mundo distante.
Quando das vezes anteriores em que nos cruzamos, sempre o cumprimentei, recebendo de volta um cordial, mas seco bom dia. Porém desta vez algo mudou, ao nos aproximar, olhei-ode frente e como  sempre lhe dirigi um...
- BOM DIA!!!
 Não respondeu, no entanto abriu um largo sorriso, fazendo com que eu me sentisse parte de seu mundo perdido. Iluminou o meu dia.

Paulo Walmir Assunção Vargas
pwargas@hotmail.com
São Leopoldo - RS





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