O homem de lata

Fora criado por um velho cientista louco com o intuito de sanar a ferida que a solidão o deixara durante a vida. Durante 7 dias e 7 noites a única coisa que  fizera foi se dedicar a criação de sua obra prima. Utilizando de toda tecnologia que o dinheiro cera capaz de comprar deu vida, conhecimento e dons aquele que lhe faria companhia durante a velhice, seu único filho o homem de lata.

De todos seus inventos ele era seu maior orgulho. Forte e dotado de uma inteligência notável o boneco de lata era capaz de encantar qualquer ser vivo que pisara na terra. Conhecia todos os contos e dominava todas as línguas criadas pelo homem além de possuir o dom da musica sendo capaz de invejar o mais prestigiado musico, mas ele não conseguia entender o motivo do vazio que por vezes o dominava. Tudo lhe era automático, os gestos, os sorrisos, nada o tocava, das musicas que conhecia de cor desconhecia o motivo das lágrimas contida nos olhos de quem o ouvia, muitas vezes lera sobre afeto, mas nunca soubera senti-lo então resolvera pedir ao pai que realizasse seu único sonho, pediu a ele que o programasse de tal forma que fosse capaz de sentir.

- Só podes sentir se um coração ter. o cientista diz
- Dá-me um coração pai!
- Me peça o mundo, mas não aquilo que jamais poderei te dar. 

Com uma chave de fenda e a destreza das mãos o cientista abriu o peito do homem de lata revelando assim um mecanismo de pontas e laminas que em ciclos batia num compasso perfeito e inerte.

- Veja teu coração é como pedra, jamais amará ou permitirá que sintam amor por ti, porque sentir qualquer coisa seria tua morte.

Lágrimas ou restos de óleo não se sabe, começaram a cair dos olhos do homem de lata, desde então trancou-se em uma torre e põe-se a cantar até o dia que  a ferrugem lhe roubara a vida. Até hoje os habitantes do pequeno povoado contam que a melodia de suas canções de tão triste era capaz de tocar o mais gelado coração fazendo-os lembrar do quão sortudo são por nascerem com um.




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